Construa-se menos ignorante. Construa-se mais respeitável. Construa-se gente. Seja humano. Seja quem se é. - Walter Junior.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que Sobrou dos Restos.


Somos o que sobrou dos restos.
As cinzas não levadas pelo vento.
Deixadas para trás
para definhar na solidão.
Somos a ferida fétida que se decompõem.
Somos o que sobrou dos restos de uma paixão.

Quem sabe Amando.


Se ela pegar no sono,
não a acorde!
Talvez ela esteja sonhando
com um beijo.
Quem sabe Ele não passe pela janela.
Janela que ela,
não desgruda mais os olhos dela.
Esperando por uma visão
e se "páh", um olhar.
Provavelmente ela sonhe
com alguém alto,
com bronze no corpo e
olhos quentes,
como tuneis na noite,
cheios de calor.
Talvez ela sinta amor!
E eu especulo teorias não provadas.
Talvez eu também O espere.
Quem sabe não estou também apaixonada.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Á minha maneira.


E só com um sorriso
já dormirei feliz.
Como se para o
"para sempre"
falta-se um triz.
Por que será que as meninas
ficam bobas com um "OI"
e um beijo no rosto?
Não sei.
Quando encontrar uma
me lembrarei de perguntar.
Porque eu própria
só viro vaga,
como a do mar....
Olhando, olhando, olhando....
sem mal conseguir falar.
Idiota ou não.
É meu jeito de amar.

Nem sou poeta mesmo.


Tenho procurado
mas sei que é melhor
deixar rolar.
Que aja surpresas.
Será melhor!
Andarei por ai
subindo a escada á direita
deixando a esquerda livre
caso o Destino queira passar.
Talvez ele sorria para mim.
Talvez não.
Porra, talvez isso devesse ser uma poesia.
Mas não sei poetizar.
Farei mais canções.
Amarei mais.
Mas não deixarei de fumar!
Colocarei uma rima ou duas
um toque de blues,
meu Gospel sem Deus.
Meu bolso esta vazio
mas minha cabeça esta cheia
de idéias que quero dizer.
E meu coração tem
histórias pra contar.
Talvez eu não saiba poetizar mesmo.
Mas se o Destino estiver afim de mais
alguma coisa,
Dani-se!
Não sou poeta!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Cronica de um Cara que mora Só.


Roubram os meus cigarros
E agora estou largado
numa pilha de jornais
fazendo recortes
de fotos passadas,
de velhas ciladas,
que achei significantes.

Com a cabeça estourando
e ratos cantando
analgésicos demais
espamos infernais.
Traga mais café
quente e sem açucar
arrume a bagunça
que ficou em meus pensamentos.

Um momento.




Um momento.




Já não fico em pé
só me deito.
Não falo,
só escrevo.
E como escrevo!
como escrevo,
como e escrevo
E ultimamente nem como,
só bebo!

Nem anti social
Nem anti capitalista
O mundo inteiro esta fora de vista
Estamos todos a ver ET's.
Neblina e baixas temperaturas
Sozinha no sofá contemplando as rachaduras.
Se o teto desabar
vou ter algo pra me gabar
numa sexta feira ingrata
Onde o amor não vive,
só mata.


Que tal uma bebida para esquentar?




***************************************************

agradecendo ao London por me emprestar uma de suas frases brilhantes.

Um segundo de Lembranças.


Hoje o dia é belo
Mas só há saudade.

Pela claridade,
as lembranças surgem.

De dias distântes,
mas tão semelhantes,
a beleza deste,
que hoje admiro.

Lembro de risadas e
de palhaçadas.
Palavras cruzadas,
lá com meus amigos.

Tanto tempo faz
que quase irreais
as memóricas ficam.

Pensei quase num grande fim
Mas o sol já se esconde
numa fresta do horizonte.
E já que todos estão longe
deixarei assim....

Sem fim.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Coisas que nem sei dizer.


Sob as luzes os olhos mudam de tom
Do puro ao sagaz. Do inocente ao dissimuado.
Que lembram futuro e passado
Num diluir de cor.
Quantas pessoas esperam o amor?
O sentido da vida, a cura da dor?
Hoje o dia esta desbotado
Sentada no metro, ele parece parado.
Não sei se andamos ou o tempo acelera ao nosso lado?
Sensação de que algo saiu errado...
Pensando, pensando, pensando em alguém
Talvez uma alma do além
Que vi um dia na escada do metro, vestido de azul.
Se isso faz sentido?
Nem pra mim nem pra você.
Mas quando se trata de amor,
Quem é que vai saber?






20/06/2011

domingo, 19 de junho de 2011

Doce Sonho.




A nitidez dos meus sonhos
Me levaram a crer que era real....
Num segundo de descompaço
Vivi um sonho incrivel.
A beleza foi ainda maior
Quando provei ser ilusão;
As cores da fantasia foram mais intenças,
Como a dor no meu coração.
O sonho que foi belo,
O fato que nunca existiu,
Foi ainda mais belo
Porque a verdade crua não o ruiu.
Que permaneça sempre assim
Indo e voltando dentro dos meus olhos,
Sentada num banco de praça....
Tanto melhor não ter se realizado
Porque o mundo lhe roubaria a graça.

No vagão de um Trem...


Tire essa arma daqui, velho amigo
Eu não preciso mais dela.
Meu apartamento está vazio
E as paredes estão brancas.
Tudo esta calmo, como há tempos atrás.

Vou me reunir com os velhos amigos hoje
Tome as minhas chaves, não me deixe fugir.
Estou vendo o J. e a Bianca, como eles estão velhos
Não era assim quando costumavamos rir.
Mas agora a luz esta fraca.

Não tem resposta para a minha tristeza
Ela esta no meu espirito.
Deixe minhas lágrimas cairem.
É simples, é fácil e aprendi a não sentir dor.
Esta no tempo, no que perdemos
Nas entrelinhas das nossas vitórias.
Como um raro cristal.

Antes ele se importava com os quadris dela
E as garotas gostavam de batom
Hoje as crianças correm descalças pelas ruas quentes
Com aquela pobreza de futuro estampada no olhar
De braços abertos pedindo pra vida um pouco mais de piedade.

Corram crianças, corram rápido.
Tentem alcançar o tempo
Ele está indo
E tudo passará, arrastado nas saias dos cabelos dele.
Nós perderemos nossos pais e nossa mãe.
E nossos amigos e amores se transformarão em pó.

Corram crianças, fujam daqui!

Eu estarei chorando com vocês
Pendurada do lado de fora
Estou tentando me proteger
Tudo aqui fere muito
Eu estava bem, presa na minha cadeia
Mas agora eu estou livre
E as verdades têm cortado o meu rosto com navalha.

Corram crianças, levem os passaros
Levem a paz e o amor
Eles possuem as ilusões.
Fujam da fome e do frio,
Fujam dos homens, eles possuem as respostas.
E não há nada que possa ser feito.
Eu vou estar chorando com vocês.

Eu vou embora daqui.
Hei velho trem, espere por mim!
Vou jogar minha mochila e me lançar em algum lugar
Me leve para seus campos preferidos
Guardou para mim aquele espaço na imaginação?
Eu estava bem em minha cadeia, mas agora eu estou livre
Pendurada do lado de fora, tentando me decidir.
Eu vou pular naquele trem
Me leve para um canto da imaginação.
Tudo passa rápido pela janela
Mas o trem ainda não saiu da estação.

Infestação


Pinto meias unhas
Para ter algo pra fazer
A tv esta chiando
E há fumaça de cigarro.
Estou sem dormi e sem comer
Tomo cafés desesperados
E meu corpo não para de tremer.
Boa noite. Noite de sonhos.
Me desejam á hora de dormi.
Estou cheia de calmantes em minha mesa-de-cabeceira.
Eu não havia deixado uma Biblia aqui?
Dani-se, eu posso conversar com Deus no msn da minha cabeça.
Foi só outro homem quem escreveu a Biblia.
Como eles adoram manipular
Não deviam citar Lilith ali?
Que se dane novamente.
Vou virar outra de uisque
Só pra esquentar.
Vou ouvir jazz no rádio alto
A cidade nunca dorme.
Meu vizinho esta tentando comer sua cunhada
Enquanto os viciados fazem fumaça.
Benção ou desgraça.
Tanto faz.
Supondo que alguem tenha inceticida em massa
Temos uma praga aqui.

Veneno de Rosas com Vinho e Poesia.


Rosas vermelhas espalhadas sobre a cama
Suas pernas sedosas passam por mim
Estou tão bebada de vinho e poesia
Que mal reparo em você.
Lá vem meu bom amante
Esta de mãos dadas com sua garota
Querida não chore quando ele for lá fora comigo
Estaremos discutindo teorias abusivas
Fumando um cigarro sujo
Gastando o meu batom.
A questão é que estou suada
Tremendo de medo e frio
Nesta cama quente
De paranóia e medo.

Os meus pesadelos se estreitam pelos cantos do quarto
Nos lençóis limpos há marcas de mãos venenosas
Lábios pingando de ódio, beijam meu pescoço.
Encontro teus olhos
Nessa dança alucinante
Se não estivesse tão fadada
Sentiria ciumes de tu
De tuas mãos, de teus pés
De tua voz a sussurrar no ouvido que quero.

Mas estou com as mãos na cabeça
Leve tudo oque tenho
Me largue aqui sozinha
Eu apenas e esta garrafa de uisque
Um fosforo aceso para aquecer minha garganta
Que cada gole seja uma faca raspando.
Preciso sangrar...
Escorrer, ecoar...
Sai, sai tudo de mim.
Quero estar tão pura aqui
Só eu e minha essência
E meus vicios destrutivos
E minhas falsas aparências.

Sob na cama querida
Com teu seios duros a apontar
Beija os meus lábios,
Em tua chama quente e acessa
Afunda-me no desprazer da carne
Ama-me como louca varrida
E depois de meu extase
Tire de mim o peso da vida.

Rosas vermelhas espalhadas sob a cama
E estou fadada demais para me excitar.

Sem ver o fim...


Sensação de perdição
Se encontra e se perde
No olhar e nas palavras
Tudo o que se quer
Tudo o que se teme.
Te eleva e te rebaixa
Alegria fugaz
Numa onda de tristeza gélida.
Sem teorias ou fórmulas
Sem a minima explicação
Aguarda ansioso pelo momento do encontro,
Para ganhar fraturas no coração.
Absorve tudo o quanto pode
Porque logo não te pertencerá mais.
Egoismo sem limites
Ciumes também.
Mas o Amor é fera que não se detém
Solte-a, ame-a, reze para que ele volte.
Só assim saberá.
Só assim sairá da dor de esperar...
A lágrima da incerteza cai
Salgada e fria
Cada segundo é precioso
É tão pouco...
Na despedida o fundo cai mais pra baixo.
O calor da chegada se congela,
Se esvai.
Deixe seus pés tocarem o fundo
Não há nada depois dele.
Ame.
Caia.
Olhe para o topo e tente ver luz por lá.
Amar é se perder.......
Sem perceber o fim.


Nada por mim


É o Nada de novo, quem esta aqui.
Ouvindo aquela canção triste
Imaginando nossa valsa num deserto
Os teus olhos.....
E toda a dor em nosso coração.
Abrace-me forte agora
E não me deixe mais partir
Dance comigo para sempre
Com essas lágrimas caindo quente
A saudade une os corações.
Nós e as crianças
Ficamos perdidos entre as questões
Impasses e paradoxos.
Ouvindo as vozes ao fundo
Entre linhas e entre linhas
Nos deixaram confusos.
Agora tudo o que temos certeza
É sobre o vazio.
Sentado ao nosso lado
Fumando o mesmo cigarro
E chorando o mesmo amor,
Esta o grande Nada.
Tão sem rumo quanto eu
Dividindo os erros meus
E chorando os choros teus.
Mas nós ainda levantamos cedo
Corremos pelas ruas sem ter aonde ir
No fundo ainda somos crianças
Tão sozinhas e tão perdidas quanto todos.
Querido, olhe pra mim.....
Eu reconheço esta lágrima no seu olhar.


Sem idéias para um Título.

Uma vez alguém me disse que a chuva chegaria
- Faça um pedido!
Mas nunca consegui compreender
Se devia sorrir ou me afogar.
Uso um pijama listrado
Pindurada na forca, á hora de dormi.
Estou cansada de pensar as mesmas coisas
De ver que não tenho aonde ir.
Não compreendo tanta coisa
Por que as pessoas mudam?
Tanta gente que ja foi bacana
Agora é isso ai....
Odeio hipocresia
Como também sou hipocrita
Olhar nos olhos de quem ja amei
E pensar que este nunca vi.
Odeio o cheiro do feijão cozinhando
Enjoa e me faz perder a fome
Odeio quem provoca desejo
E depois some.
Sem idéias escrevo porcarias
Vejo Mario de Andrade
Em poesias sem rimas.
Sigo por ai.
Odeio ter que fazer rimas a cada quatro linhas.
Arrependo-me de não ter aceito
Quando um maluco me chamou para a estrada,
Sem rumo, sem destino
É mais bonito quando se esta ali.
Aprendi a gostar de quimica, fisica e matematica
Mas desaprendi a sorrir.
Queria voltar no tempo
Estou pensando em rasgar fotografias
Queria ter idéias
Odeio pessoas que mudam
Odeio pessoas....
Sou contra o que é contrario a natureza
Homens com mulheres.
Mulheres com Homens.
Algumas regras nasceram para ser seguidas.
Quero rasgar esse maldito empilhar de linhas.
A chuva esta caindo,
Ainda não fiz o meu pedido.
Estou tentando me decidir.



**************************************************
PARA O SILVÉRIO. NÃO ME PERGUNTE POR QUE.
ACHO Q VC COMPARTILHARIA O MESMO SENTIMENTO.

PS: provavelmente não achar um titulo foi o melhor titulo que ja achei.

domingo, 12 de junho de 2011

Iris. - Goo Goo Dolls



E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para não durar
Eu só quero que você saiba quem sou eu ♫

"Algumas pessoas não se contentam em ser apenas o que são e tentam ir mais além, acrescentando personalidades que não lhes pertencem, em seu ser. Tornando-se abssalmente chatas.
Não tenho essa capacidade. Já me é bastante dificil ser apenas eu mesma."



Eu que não amo você.


Com pensante pesar é que acordo cedo
nas manhãs frias.
Eu, neblina cor-de-rosa
decoram as vistas de quem só quer ver o sol.
Eu que sou cega, só peço amor
A troco de que é que não sei dizer
Não quando a tantas formulas a estudar.
Eu que sempre andei perdida
me sentirei em casa quando encontrar meu lar.
Decorando a vida com cigarros na mão
e doces copos de bebida.
Eu que nem amo você
Senti a tua falta no primeiro dia da estação
Mas quem sabe no próximo dezembro
Num outro verão
Talvez ganhe mais sentido as minhas poesias
Quem sabe não ganhe cargas de protons a minha alegria.
Eu que estou cansada por viver dez anos
na ultima semana
Eu que estou cansada de olhar você
engraçado e alto, fumante e moreno
Estive te amando e nem sei porque
Eu que nem amo você....


.

segunda-feira, 6 de junho de 2011



Por isso não estranhe se um dia
chegar em casa e eu não estiver lá.
As vezes as pessoas pesam.

"Harry Potter é que nem Papai Noel. Você não consegue ver, mas queria tanto que fosse real, que acaba acreditando que é."

Emma Wastson.


E se esqueçe de se lembrar que o mundo não é tão mágico assim.
Caroline Mello.


Bobagem.
Uma hora as pessoas sempre partem e o melhor que se tem a fazer é deixa-las ir.
Se voltarem, então acredite na promessa. Se não, o que é mais provavel, não sofra a vida segue o curso certo.

Você só pode valorizar um tipo de pessoa:
aquela que também valoriza você.
Ninguém mais!


"São nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que nossas qualidades."

Alvo Dumbledore.

Ele pode nao existir, pode ser fruto da imaginação de pessoas infantis e bobas, mas há sabedoria nessas palavras que nem o mais sagaz do mundo poderia descorda. São nossas escolhas meu amigo, que revelam o que somos, nossas escolhas. Faça as suas e não se arrependa jamais, porque seria também se arrepender da pessoa que voce é, e arrepender-se de si mesmo é uma falta gravissima.

domingo, 5 de junho de 2011

Uivo



para Carl Solomon

Alleng Ginsberg.

Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela loucura,

morrendo de fome, histéricos, nus,

arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca

de uma dose violenta de qualquer coisa,

"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato

celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,

que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando

sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis aparta-
mentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das
cidades contemplando jazz,

que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram

anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados
das casas de cômodos,

que passaram por universidades com os olhos frios e radiantes

alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake
entre os estudiosos da guerra,

que foram expulsos das universidades por serem loucos e publicarem

odes obscenas nas janelas do crânio,

que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada

em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas
de papel, escutando o Terror através da parede,

que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo

com um cinturão de marijuana para Nova York,

que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam tereben-

tina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus tor-
sos noite após noite

com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool e cara-

lhos e intermináveis orgias,

incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula e clarão

na mente pulando nos postes dos pólos de Canadá & Pa-
terson, iluminando completamente o mundo imóvel do
Tempo intermediário,

solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de quintal
com verdes árvores de cemitério, porre de vinho nos te-
lhados, fachadas de lojas de subúrbio na luz cintilante de
neon do tráfego na corrida de cabeça feita do prazer, vi-
brações de sol e lua e árvore no ronco de crepúsculo de
inverno de Brooklin, declamações entre latas de lixo e a
suave soberana luz da mente,
que se acorrentaram aos vagões do metrô para o infindável

percurso do Battery ao sagrado Bronx de benzedrina até
que o barulho das rodas e crianças os trouxesse de volta,
trêmulos, a boca arrebentada e o despovoado deserto do
cérebro esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do Zôo-
lógico,

que afundaram a noite toda na luz submarina de Bickford's,

voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no
desolado Fugazzi's escutando o matraquear da catástrofe
na vitrola automática de hidrogênio,

que falaram setenta e duas horas sem parar do parque ao apê ao

bar ao hospital Bellevue ao Museu à Ponte de Brooklin,

batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis

das escadas de emergência dos parapeitos das janelas
do Empire State da lua,

tagarelando, berrando, vomitando, sussurando fatos e lembranças

e anedotas e viagens visuais e choques nos hospitais e prisões e guerras,

intelectos inteiros regurgitados em recordação total com os

olhos brilhando por sete dias e noites, carne para a sinago-
ga jogada na rua,

que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum dei-

xando um rastro de cartões postais ambíguos do Centro
Cívico de Atlantic City,

sofrendo amores orientais , pulverizações tangerianas nos ossos

enxaquecas da China por causa da falta da droga no
quarto pobremente mobiliado de Newark,

que deram voltas e voltas à meia-noite no pátio da estação fér-

roviária perguntando-se onde ir e foram, sem deixar cora-
ções partidos,

que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de carga,

vagões de carga que rumavam ruidosamente pela neve
até solitárias fazendas dentro da noite do avô,

que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia e

bop-cabala pois o Cosmos instintivamente vibrava a seus
pés em Kansas,

que passaram solitários paelas ruas de Idaho procurando anjos

índios e visionários,

que só acharam que estavam loucos quando Baltimore apareceu

em êxtase sobrenatural,

que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no impul-

so da chuva de inverno na luz da rua da cidade pequena
à meia-noite,

que vaguearam famintos e sós por Houston procurando jazz

ou sexo ou rango e seguiram o espanhol brilhante para
conversar sobre América e Eternidade, inútil tarefa, e
assim embarcaram num navio para a África,

que desapareceram nos vulcões do México nada deixando

além da sombra das suas calças rancheiras e a lava e a
cinza da poesia espalhadas na lareira de chicago,

que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de barba e

bermudas com grandes olhos pacifistas e sensuais nas suas
peles morenas, distribuindo folhetos ininteligíveis,

que apagaram cigarros acesos nos seus braços protestando contra

o nevoeiro narcótico de tabaco do capitalismo,

que distribuíram panfletos supercomunistas em Union Suare,

chorando e despindo-se enquanto as sirenes de Los Alamos
os afugentavam gemendo mais alto que eles e gemiam
pela Wall Street e também gemia a balsa da Staten Is-
land,

que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos, nus e

trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos,

que morderam policiais no pescoço e berraram de prazer nos

carros de presos por não terem cometido outro crime a não
ser sua transação pederástica e tóxica,

que uivaram de joelhos no Metrô e foram arrancados do telha-

do sacudindo genitais e manuscritos,

que se deixaram foder no rabo por motociclistas santificados e

urraram de prazer,

que enrabaram e foram enrabados por estes serafins humanos, os

marinheiros, carícias de amor atlântico e caribeano,

que transaram pela manhã e ao cair da tarde em roseirais, na

grama de jardins públicos e cemitérios, espalhando livre-
mente seu sêmem para quem quisesse vir,

que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas acaba-

ram choramingando atrás de um tabique de banho turco
onde o anjo loiro e nu veio atravessá-los com sua espada,

que perderam seus garotos amados para as tres megeras do destino,

a megera caolha do dólar heterossexual, a megera caolha que pisca de dentro do ventre e a megera caolha que só sabe ficar plantada sobre sua bunda retalhando os dourados fios do tear do artesão,

que copularam em êxtase insaciável com uma garrafa de cerveja,

uma namorada, um maço de cigarros, uma vela, e caíram da cama e continuaram pelo assoalho e pelo corredor e terminaram desmaiando contra a paerede com uma visão da buceta final e acabaram sufocando um derradeiro lampejo de consciência,

que adoçaram trepadas de um milhão de garotas trêmulas

ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos no dia seguin-
te mesmo assim prontos para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas nos celeiros e nus no lago,

que foram transar em Colorado numa miríade de carros roubados

à noite, N.C. herói secreto destes poemas , garanhão
e Adonis de Denver - prazer ao lembrar de suas incontáveis
trepadas com garotas em terrenos baldios e pátios dos
fundos de restaurantes de beira de estrada, raquíticas filei-
ras de poltronas de cinema, picos de montanha, cavernas
ou com esquálidas garçonetes no familiar levantar de saias
solitário á beira da estrada & especialmente secretos solip-
sismos de mictórios de postos de gasolina & becos da cidade
natal também,

que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram transportados

em sonho, acordaram num Manhattan súbito e consegui-
ram voltar com uma impiedosa ressaca de adegas de
Tokay e o horror dos sonhos de ferro da Terceira Aveni-
da & cambalearam até as agências de emprego,

que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de sangue

pelo cais coberto por montões de neve, esperando que
se abrisse uma porta no East River dando num quarto
cheio de vapor e ópio,

que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de apartamentos

de Hudson à luz de holofote anti-aéreo da lua &
suas cabeças receberão coroa de louro no esquecimento,(...)




Três passageiros e Um Clandestino


Havia três garotos no barco aquele dia
E nenhum deles sabia onde estava indo.
Um deles brincava com um pedaço de graveto na mão
Perguntei-lhe se era retardado
Ele me disse que não, só lia demais livros de fantasia
E ficava por ai fantasiando o universo.
Lhe disse, isso não é pecado, porque eu também faço
Mas aponte isso pra lá, com educação eu lhe peço.
O segundo era marrudo e mal encarado
Encostado na beira do barco de braços cruzados
fazendo pose da galãn pras saiolas que saçaricavam.
Lhe disse, meu bom, deslambe esse topete
Com esta cara de bunda e três palmos de gordura
Tu não consegue por aqui nem mesmo uma tiete.
O terceiro, estranho, eu nao sabia só de olhar
Meio quieto, nervoso, triste e vazio
Que será que aquele moço fazia por aqui?
Fui até ele e perguntei, tinha cara de esperto
Ele então me respondeu que procurava um deserto.
Lhe falei, meu amigo, aqui no meio das Américas
O único deserto que tu vai encontrar
É aquele que existe entre cada ser humano.
Quis saber o que ele pretendia num lugar tão solitário
Ele me respondeu que estava tentando se encontrar
que havia se perdido e não lembrava como, quando nem em que lugar.
Me aborreci, ora garoto deixe de besteira
Como pode se perde de si se agora to falando aqui mesmo com você?
Ninguem se perde como ovelha tola, solta por ai
O teu problema é que tu se escondeu n'algum ponto de você
e esqueceu de anotar na porta de geladeira, onde ia se guarda.
Então porque não vai embora, da licença do meu barco
e leve aqueles dois, o metido e o maluco
Que eu to esperando, gente séria pra valer.
Ao invés de me faze perde tempo, vá vasculhar suas entranhas
A procura de você.

Um Garoto Chamado Sue




Bom, meu pai saiu de casa quando eu tinha 3 anos,
E ele não deixou muita coisa para mamãe e nem pra mim,
Só este velho violão e uma garrafa vazia de bebida.

Agora eu não o culpo porque ele fugiu e se escondeu,
Mas a coisa mais malvada que ele já fez,
Foi que antes de partir ele veio, e me deu o nome de Sue.

Bem, ele deve ter achado que era uma piada e tanto,
E isso rendeu muitas risadas de um monte de gente,
Parecia que eu teria que lutar a minha vida Inteira.

Alguma namorada poderia rir e eu ficava vermelho,
E algum cara riria e eu quebraria a cabeça dele,
Eu lhe digo, a vida não é fácil para um garoto chamado Sue.

Eu cresci rápido e cresci malvado,
Meus punhos duros, e meus movimentos mordazes,
Eu vaguei de cidade em cidade para esconder minha vergonha.

Mas eu me fiz jurar pra lua e pras estrelas,
Que procuraria nos bordéis e bares,
E mataria o cara que me deu aquele nome horrível.

Bem, era Gatlandburg em meados de junho,
Mal cheguei à cidade, minha garganta estava seca,
Pensei: eu vou parar e tomar uma bebida.

Num velho saloon numa rua de lama,
Ali estava numa mesa sentado apostando,
O cão imundo e sarnento que me chamou de Sue.

Bem, sabia que aquela cobra era meu doce papai,
Por uma uma foto velha que minha mãe tinha,
E eu conhecia aquela cicatriz no rosto e seus olhos maus.

Ele era grande e curvado, e grisalho e velho,
E eu olhei pra ele e meu sangue gelou, e eu disse,
"Meu nome é Sue! Como vai? Agora você Morrerá!"
Sim, isto foi o que eu disse a ele.

Bem, eu o acertei forte no meio dos olhos,
E ele caiu, mas para minha surpresa,
Veio com uma faca e cortou fora um pedaço da minha orelha.

Eu quebrei uma cadeira direto em seus dentes,
E nós quebramos a parede e saímos pra rua,
Chutando e socando na lama no sangue e na cerveja.

Eu lhe digo que já lutei com homens mais fortes,
Mas realmente não consigo lembrar quando,
Ele chutava como uma mula e mordia como um crocodilo.

Bem, eu o ouvi rindo, e o ouvi tossindo,
Ele pegou sua arma, mas eu peguei a minha primeiro,
Ele ficou lá olhando para mim, e eu o vi sorrir.

Então ele disse, "Filho, este mundo é cruel,
E se um homem quer sobreviver tem que ser durão,
E eu sabia que não poderia estar lá para te ajudar.

Então eu lhe dei esse nome e disse adeus,
Eu sabia que você teria que ficar durão ou morrer
E foi esse nome que lhe ajudou a te fazer forte.

Agora, você acaba de lutar uma bela de uma briga,
E eu sei que você me odeia e você tem o direito
De me matar agora e eu não vou te culpar se você o fizer.

Mas você tem que me agradecer antes de eu morrer,
Pelas pedras no seu estômago e pela cuspida no seu olho,
Porque eu sou o filho da puta que te deu o nome de Sue".

Bem, o que eu poderia fazer, o que eu poderia fazer?
Bem, eu fiquei sem ar e joguei minha arma fora,
O chamei de pai e ele me chamou de filho,
E eu vim embora com um ponto de vista diferente.

Eu penso nele agora e sempre,
Toda vez que eu tento e toda a vez que eu ganho,
E se eu tiver um filho,
Eu acho que o chamarei de,
Bill ou George, qualquer coisa menos sue!
Eu ainda odeio aquele nome!


Johnny Cash.

A Legend In My Time

Se dor no coração trouxesse fama, no jogo louco do amor.
Eu seria uma lenda no meu tempo
Se eles dessem estatuetas de ouro, por lagrimas e arrependimentos.
Eu seria uma lenda no meu tempo

Mas eles não dão prêmios, e não tem louvor ou fama.
Por corações que estão quebrados, por amor que é em vão.

Se solidão fosse uma palavra a aplaudir
Todos saberiam meu nome
Eu seria uma lenda no meu tempo.


Johnny Cash.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Prosa Livre


Meus versos são de mão livre
sem rimas prontas
ou idéias pensadas.
Meus versos falam de passados recentes
novembros excelentes
e primaveras geladas.
Me inspiro num tanto de Nada
na cor de um carro ou
num homem de chapéu.
Penso nas coisas do mundo
nas damas e vagabundos
na terra e no céu.
Escrevo no transito parado
sem nada o que escrever
penso a fio nos silencios calados
recitando sem saber.
Deixo as vezes poemas sem fim
Porque as imagens fazem um nó
e acaba-se tudo assim.