Construa-se menos ignorante. Construa-se mais respeitável. Construa-se gente. Seja humano. Seja quem se é. - Walter Junior.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que você faz, quando ninguém te vê fazendo?


O que será que Ele está fazendo?
Será que já chegou em casa,
será que já jantou, já se deitou?
O que será que estão fazendo as outras pessoas enquanto escrevo isso?
O que você estava fazendo antes de ler isso? O que fará depois?
As vezes gostaria de ser Deus
para ver tudo e todos
e saber o que estão fazendo
o que estão pensando,
sonhando.
Mesmo com a crise no mercado imobiliário
Ele consegue manter Sua cobertura de luxo
com vista privilegiada voltada pro Espaço.
Mas eu sei que tudo isso vem dos impostos,
das preces pagas em latim católico,
em árabe islâmico ou português coloquial.
E a cada dia a cobertura aumenta.
Eu soube que Ele esta planejando uma grande festa
Cada imposto pago vale um convite.
Eu espero receber o meu, pelo correio, numa segunda de manhã.
Já contribui com  a Causa mais do que sei contar.
Em noites frias e em post's pobres nesses blogs cinzentos,
nos subúrbios da internet.

O que será que o presidente esta fazendo agora?



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cérebro de Algodão


Não me olhe com esses olhos galantes
cheios de entrelinhas
que dizem na iris negra
coisas que teus lábios não podem pensar em dizer.

Altura acima da média
Um talento com os números
e certo charme no andar,
na maneira de segurar aquele cigarro.

Era isto.

Ele era isto.

A pele de bronze, a voz azul.
Meu cérebro estava cheio de algodão...
Vai ver era por isso, e só por isso
Que podia sentir a violência daquela paixão.
E bastava-me ver as aves ao redor
para o asco brotar-me na pele.

Paradoxo, todas as promessas que vi em seu sorriso.
O céu, o céu é só uma promessa.
Mas não terá, toda promessa, um fundo de verdade?
Prometa-me uma coisa bela,
Se algum dia se cumprir 
Saberei que o céu também poderá existir.

Teus olhos eram como feridas abertas
Latejando na minha direção.
Dessas feridas que não tem cura
Pois a cura lhes roubaria a paixão.

E como eram galantes esses olhos feridos...
A iris negra cheia de entrelinhas,
um sorriso desenhado no rosto.

E eu, que sei a arte de fazer papéis
Jamais pude lhe fazer uma carta de amor...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Febre.


Tu é a ultima vaga que eu tenho pra me atirar
Com pressa de qualquer coisa.
Eu sou um corpo em febre
Que se atira aos teus pés
Voraz e delicada
Como garotos inexperientes
Que tentam tocar a mão da jovem amada.

Eu sou  uma noite doente
Que só fala de ti
Aos ouvidos de quem dorme.
Sou o sonho que engole qualquer momento de paz
E joga tua imagem
Em todas as paisagens
Apaga qualquer nome escrito
Que veio antes de ti.

Não sou mais que uma menina apaixonada
Ainda achando belo os devaneios do amor
Sem nada saber sobre dor ou,        prazer.
E digo que é amor, porque se da por convenção,
este nome, aos momentos de fulgor
de suor e tremores.
Aos momentos de horrores
Quando todos tem teu rosto
E cada sussurro a tua voz.

Tu é a ultima vaga que eu tenho pra me atirar
O único mar pra me devorar
Como se devora navegantes perdidos de seu destino.

Sou um corpo em febre.
Que pede o teu alivio.