Construa-se menos ignorante. Construa-se mais respeitável. Construa-se gente. Seja humano. Seja quem se é. - Walter Junior.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poema Vertigem




Sou a viagem de ácido
nos barcos da noite
Eu sou o garoto que se masturba
na montanha
Eu sou o tecno pagão
Eu sou o Reich, Ferenczi & Jung
Eu sou o Eterno Retorno
Eu sou o espaço cibernético
Eu sou a floresta virgem
das garotas convulsivas
Eu sou o disco-voador tatuado
Eu sou o garoto e a garota
Casa Grande & Senzala
Eu sou a orgia com o
garoto loiro e sua namorada
de vagina colorida
(ele vestia a calcinha dela
& dançava feito Shiva
no meu corpo)
Eu sou o nômade de Orgônio
Eu sou a Ilha de Veludo
Eu sou a Invenção de Orfeu
Eu sou os olhos pescadores
Eu sou o Tambor do Xamã
(& o Xamã coberto
de peles e andrógino)
Eu sou o beijo de Urânio
de Al Capone
Eu sou uma metralhadora em
estado de graça
Eu sou a pomba-gira do Absoluto


Roberto Piva.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Maldito seja o beijo dessa boca




Maldito seja o beijo dessa boca
tão vermelha e tão fugaz
que me submete como louca
num vicio continuo pra ficar em paz.

O vai e vem dessas coxas me tornam enfeitiçada
Mergulho nos meus sonhos em teus seios
em teu corpo, a cavalgada
sou tua, és meu, os teus desejos e receios.

Suba no meu corpo e me queime de paixão
ascenda o fogo da lareira nas cinzas do meu tesão
Me cubra com teus beijos, me domine, me maltrate.

Estou deitada aos teus pés esperando teu perdão
Em tiras de vestido e sangrando o coração
Só me ame nesta cama, me arrebate.







Vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas
                  coxas imberbes & brancas.
         vou dilapidar a riqueza de tua
                  adolescência. vou queimar teus
                  olhos com ferro em brasa.
              vou incinerar teu coração de carne &
                            de tuas cinzas vou fabricar a
                            substância enlouquecida das
                                     cartas de amor."


Poema XIV - Roberto Piva.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Soneto de devoção - Vinicius de Moraes





Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Beijo que não te dei.


Horas passaram por mim,
Sem conseguir arrancar.
Uma única palavra sobre os meus segredos e
Meus sentimentos
Sobre as coisas secretas que sonhei
Enquanto tudo passava pelas janelas
Coisas tão tolas que escrevi
Num diário de sonhador.
E o tempo todo estou tentando ser forte
Não tente entender algo sobre isso
Tudo são rimas e versos
Sobre uma pagina de amor imperfeito
E essa velha dor no peito
Que eu escondi direito
Mas alguém desenterrou.
Tantas coisas escritas nesses olhos
Eu sonhei que dançávamos
Mas não espero entender algo sobre isso.
Foram tantas as frases que apaguei
E toda a poesia terminou sem sentido
Porque as palavras que eu deveria ter dito
Jamais tiveram coragem de sair.
Nada foi arrancado de mim
Somente lagrimas frias
E se o tempo voltasse para aquele corredor
Ainda sim não teria dito nada
Mas um beijo falaria por mim.

....Como um livro de Fantasia





Hoje já não sei dizer
Se sinto algo ou estou vazia
Seca e fria
Como as paginas desesperadas
De um livro de fantasia.
Eu tenho num jarro uma única flor
Esta velha
Mas preciso vê-la
É tudo o que restou
Quando pensei que algo existia
As noites de inverno agora são mais longas
Filmes em preto e branco e tudo esta cinzento
Frio e amargo.
Sem calor no fogo, no wisky ou no cigarro.
Hoje procurei por seu amor
E encontrei apenas um recado
Que dizia novamente que não sou eu
Não sei por que, não sei por quem.
Quando tudo esta perfeito
Surge um outro alguém.
Eu sei que deveria te dizer
Um adeus ou até logo
Não há motivos para me enganar
Mas já ouvi dizer que a esperança é a ultima que morre
E enquanto eu “acredito”
A minha alma sofre.
Procurei em mim algum defeito
Que me trouxesse explicação
Tantas coisas foram ditas
Mas não sou eu no seu coração.
Alguém me perguntou
E eu disse que apenas sinto a tua falta
Não me concentro mais em sentir alguma coisa.
Hoje, sinceramente, não posso te dizer
Se sinto algo ou estou vazia
Seca e fria.
Como as paginas desesperadas
De um livro de fantasia.

17/09/2011

O homem, a luta e a eternidade - Murilo Mende




Adivinho nos planos da consciência
dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos
mundo de planetas em fogo
vertigem
desequilíbrio de forças,
matéria em convulsão ardendo pra se definir.
Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades,
o mundo ainda é pequeno pra te encher.
Abala as colunas da realidade,
desperta os ritmos que estão dormindo.
À guera! Olha os arcanjos se esfacelando!

Um dia a morte devolverá meu corpo,
minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins
meus olhos verão a luz da perfeição
e não haverá mais tempo.



domingo, 25 de setembro de 2011

Nossos dias por um Poema




Tenho feito de tudo para larga os antidepressivos
Tenho dormido, assistido filmes de terror e me desfiz de amigos
Mas ainda tudo esta na mesma
Tudo esta na mesa
Num corpo estendido
Procurando defeitos nas veias tortas
Torcendo os miolos como se fossem porcas
Pra ver se solta alguma coisa
Se pinga alguma gota
Se uma alma clama.
Eu procurei por uma chama
Por algo que mantivesse meus olhos bem abertos
Naquelas noites de paranóia
Quando passos se aproximavam
Pelas soleiras da minha mente
Entorpecente
Que não conseguia dormi.
Óh Deus do céu,
dai-me direção para seguir.
Ao invés disso só me dizem:
"é simples, uns são filhos da puta, outros não."
Mas isso não tem acalmado meu coração.
Que procura acima de tudo companhia
Doces quentes e sutis melodias
Já que estou sem dons para poesias.
Aah um poema, sim meu amigo
Nossos dias por um poema.
Algo que seja honesto e belo
Palavras que não mintam para o mundo.
Sem disfarces de damas e vagabundos.
Algo que eu olhe e me sinta satisfeita
Se não for divina, que seja ao menos perfeita.
Sim meu amigo,
Nossos dias por um poema.
E se for contigo, eu aceito
Isso não será problema.


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Dedicado à Silvério Bittencourt quem melhor pra me acompanhar e me inspirar as 3h da matina??

Jack Daniel's


E se eu não estivesse nem ai para o cristianismo?
E se eu não me importasse com a arte?
Vai ver eu tenho fé
mas espiritualidade não tem nada haver.
Esses são tempos difíceis
Deus veio me dizer.
Soube que o decepcionei
com meus poemas de amor.
Joguei poker regado á Jack Daniel's
num bar, com o Senhor.
Os tempos são outros e há outra visão
Dramas do mundo estão fora de questão.
Tentando passar em engenharia
não tenho mais saco para minorias.
Tudo é ironia.
Procuram respostas
Sem ter a pergunta certa.
Deus esta na sala de estar
estamos esperando a pizza
e mais cigarros;
Um Estado novo e
Que eu chegue á uma boa poesia.
Se meu eu-lirico voltasse
Belo homem, meu eu-lirico, diga-se de passagem.
Sempre com bafo de Whiskey
E um jeito Winchester de levar a vida
Que me deixa apaixonada á seus pés.
Acho deveria parar de ler o surrealismo erótico de Murilo Mendes.
Deveria parar de estudar essa tal "Achologia"
Tudo eu "acho", tudo eu "acho"
Mas a verdade é que nao tenho achado,
só perdido.
Perdido tempo, perdido sono,
Perdido amores e amigos.
Perdido dinheiro e dias inteiros...
Eu deveria compor um soneto
e viver no mundo real.
Vai ver sou outro poeta
com duas faces.
Uma homem e outra animal.
Quando nao estou amando
Estou me afundando.
Eu deveria parar de viajar e jogar.
Deus esta ganhando.



Caroline Mello.
13/09/2011

Desenganos.



Tão doce quanto um chocolate
Tão amargo quanto um trago de cigarro
E haviam pensado que havia algo de bom.
Mas este é um coração sacana
Que ama e desmanda quando quer.
Coração que confunde com garrafas de bebida
o coração de uma mulher.
E eu que me julguei apaixonada
Senti uma nota de desprezo
Esses teus olhos bem armados
Estão sem nenhum sentimento,
tudo o que há em ti é fome
e procura em outros braços o amor
que te mentiu.
Sem realmente amar ninguém,
somente o amor que te traiu.
E eu que me julguei apaixonada
Senti uma nota de decepção
Por trás destes teus olhos bem armados
Pensei que houvesse um coração.