
Ninguém bate à porta e
os portões nunca são nus o bastante
ou próximos
para olhar aqui de dentro
e pasmar ao abrir:
“oh, você!”
e convidar a entrar
ou acariciar os cabelos que chegam
ao pescoço
ou levantar e não dar quatro passos
até a fechadura
até cogitar em jogar um copo
ou dois
em fingir um infarto fulminante
em vestir as calças
em conter o sangue que desembesta
feito um condenado em chamas
os portões eram portas na infância
dos tempos
os portões eram portões e quase portas
em alma Após o concreto bruto
em que se corria sem a necessidade
de se recalcar pensamentos
os portões eram quase portas
quase portas...
UM POEMA DE: Silvério Bittencourt
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